Autoria: Andreia Nunes Departamento de Recursos Humanos
Há ainda muito caminho a percorrer mas nada disto nos é novo…
Mais do que fazerem parte do nosso léxico e, ainda que a um ritmo lento, questões como Igualdade, não discriminação, paridade, equilíbrio, … começam a assumir um papel cada vez mais preponderante na sociedade e no meio empresarial.
Não descurando a perspetiva social e de direito destes temas, assistimos hoje a uma mudança de paradigma que passa a integrar a diversidade como algo estratégico, essencial ao progresso económico, e com contributo indiscutível para um desenvolvimento mais sustentável.
E se olharmos em particular para as questões da igualdade de género, rapidamente percebemos que o caminho a percorrer é muito mais longo do que aquele que foi feito até então. Muito embora os movimentos sociais tenham promovido um enorme empurrão para o reconhecimento do papel da mulher e da necessidade de haver um estatuto cada vez mais igualitário, não podemos dizer que tenha sido o suficiente.
Não é preciso recuarmos muito no tempo para nos lembrarmos que:
– Somente há cerca de 111 anos as mulheres deixaram de dever obediência ao seu marido;
– há 90 anos foi concedido o direito de voto às mulheres que tivessem um curso secundário ou superior;
– há 53 anos obtiveram os mesmos direitos políticos que os homens;
– e apenas há 31 anos que passou a ser proibida a discriminação sexual em atividades publicitárias.
E embora se reconheçam progressos em direção a uma maior igualdade, estes continuam lentos e desiguais numa boa parte do mundo onde os direitas fundamentais das mulheres estão longe de estar protegidos.
Sabias que apenas em 2019 a Arábia Saudita fez mais algumas concessões e passou a permitir às mulheres viajarem sem permissão de nenhum familiar do género masculino
Antecipando alguma inquietação, desafio a refletirmos agora sobre a igualdade de género e a representatividade das mulheres no mercado de trabalho.
Os números não deixam margem para divagações em torno da questão.
Nas grandes empresas da União Europeia, apenas 30,6% dos membros do conselhos de administração são mulheres. Apenas 8,5% presidentes das maiores empresas cotadas na União Europeia são do sexo feminino.
Se olharmos para o caso português, embora não existam diferenças acentuadas de género na população ativa (41,5% mulheres vs 58,8% homens, dados de 2021), o mesmo não se verifica se analisarmos especificamente a representatividade das mulheres em cargos de decisão como de Direcção, Gestão e Liderança onde a diferença de género está ainda muito presente.
Em Portugal, são menos de um terço as Mulheres nos cargos mais altos das empresas
Muito embora Portugal tenha vindo a registar uma evolução no número de mulheres nos Conselhos de Administração das empresas, a verdade é que fica ainda muito longe da média da União Europeia continuando a existir muitas barreiras invisíveis no nosso meio empresarial.
A igualdade de género é, também, um dos objetivos de desenvolvimento sustentável que União Europeia atribuí às empresas, exigindo destas um compromisso sério com a mudança. Assim, para melhorar a igualdade de género e aumentar a representatividade, a EU estabeleceu a medida que obriga as empresas dos estados-membros a terem 40% dos cargos administrativos ocupados por mulheres, até 2026.
Na luta e apoio contra a disparidade entre homens e mulheres no meio empresarial, estão ainda diversas associações dedicadas a promover o empreendedorismo feminino e dar às mulheres as ferramentas e a confiança que necessitam para alavancar e tornar os seus negócios um sucesso.
São associações que acreditam no empoderamento feminino, no conhecimento e capacidade das mulheres, no seu impacto na sociedade , incentivando e preparando-as para liderar num ambiente predominantemente dominado por homens.
Uma dessas iniciativas, e à qual a Wondercom se associou é a WEConnet Internacional.
Esta é uma associação empenhada na competitividade das mulheres num mercado global, ajudando empresas lideradas por mulheres na implementação dos seus negócios, no seu crescimento, expansão e divulgação.
Entre as mais diversas iniciativas, a WEConnet tem um papel ativo na formação de mulheres empreendedoras, no estabelecimento de um Netwoking (promotor de contacto entre mulheres empresarias, novas oportunidades de negócio e entre estas diversos investidores) no reconhecimento das organizações, no aconselhamento e orientação.
No que a nós diz respeito, e contrariando os números, somos empresa liderada por uma mulher. E, numa área de atividade predominantemente masculina, cerca de metade da Equipa de Gestão da Wondercom é ocupada por mulheres.
Não queremos aqui nenhuma apologia ao feminismo. É certo que é nossa ambição continuar apostar no talento feminino e a sua representatividade na Wondercom. Mas mais do que isso, levamos muito a sério os temas da diversidade e inclusão, sendo nossa ambição promover uma cultura de meritocracia, reconhecimento e a igualdade de oportunidades, sejam ela de raça, género, étnica, religião…
Temos profunda consciência de que somente com equipas diversas se promove o pensamento disruptivo, a criação de ideias e soluções inovadoras essenciais para se lidar com os desafios e se atingem resultados absolutamente excecionais.
Ainda assim, e apesar de todo este percurso, não podemos ficar por aqui quando se fala de inclusão e diversidade É urgente quebrarmos os telhados de vidro que ainda hoje encontramos no mundo do trabalho e fazermos frente ao preconceito. E, por isso, é essencial também no meio empresarial continuarmos a promover e a incentivar medidas eficazes que conduzam as empresas à adoção de políticas de igualdade e diversidade.
Não promover a igualdade é abdicar do Talento que tanta falta nos faz! Será que estamos dispostos a isso?